Era uma vez um andarilho que a bordo de sua fé, subia e descia morros para contar às pessoas que havia descoberto o segredo da vida... Um surrado guarda-chuva era sua companhia inseparável e servia como escudo contra o sol causticante de muitos verões... E lá ia ele, octogenário, passo lento, mas, firme... Firme como sua convicção de que Deus não era um produto a ser comercializado e nem propriedade particular de nenhuma religião...
Não impunha sua verdade, apenas a revelava... Para ele, Deus não estava em um céu distante e nem era o ditador que se vingava de quem não seguisse suas regras. Falou e agiu com mansidão, aliviando o fardo de quem o recebia ou o procurava... Reinventou a missão de padre e desmistificou o criador...
Sua postura era similar a de Francisco de Assis e a do próprio Cristo. Não media as pessoas pelo que tinham ou pelo cargo que ocupavam...
Sua maneira de ser fez com que fosse angariando admiradores e seguidores... Em torno dele edificaram mitos... Atribuíram-lhe o poder da bi-locação, falaram de milagres alcançados e de incontáveis episódios inexplicáveis.
O velho frade franciscano terminou sua missão em 25 de fevereiro de 1960, vitimado em seu próprio quarto por um enfarto cardíaco.
A cidade que o abrigou nos últimos anos de sua trajetória, se incumbiu de fazer dele uma lenda... Virou romaria e depois monumento...
Tramita na igreja um processo que busca sua beatificação e posteriormente sua santificação. Existe um longo caminho a ser percorrido até que isto venha se concretizar. A burocracia da instituição tem sido um obstáculo neste sentido. Independente do carimbo da igreja, para muitos, ele se tornou santo.
E através das gerações, pais continuarão revelando para seus filhos a história de um andarilho que a bordo de sua fé, subia e descia morros para contar às pessoas que havia descoberto o segredo da vida...
Marcos Valnei