quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Papo de bola

Ronaldinho Gaúcho deve ir a Copa? Este questionamento passou a ser “papo” obrigatório nas rodas de amigos de todo país. Por baixo da poeira de muitas polêmicas quanto a sua vida extra-campo, o futebol do craque está reaparecendo no Milan. Eu não tenho dúvidas quanto ao seu potencial técnico. Da cabine do Estádio Olímpico, vi seu início no Grêmio. Moleque atrevido, brincava de bola enquanto os demais jogadores pareciam funcionários de uma empresa qualquer, em manhã de segunda-feira. Ronaldinho tinha nos pés as mãos de um mágico; rápidos e mentirosos, inventavam truques para ludibriar os olhos da platéia e as pernas dos adversários. O próprio Dunga, em um Grenal, sentiu a peraltice irresponsável de um menino que não tomou conhecimento de que tinha a sua frente, o capitão do tetra. Desvencilhou-se do atual técnico da seleção, como Garrincha passava por seus “joões”. Parecia um Chaplin desfilando numa tela verde, a arte em preto e branco de Carlitos.
Depois de assombrar o mundo, a bola do menino murchou... Mas Ronaldinho tem currículo.
Na Copa de 1970, João Saldanha fez a receita e Zagalo colocou o bolo no forno. Levou pro México, os melhores jogadores daquela safra. Improvisou em algumas posições só para poder contar com os melhores . Piazza, volante no Cruzeiro, virou quarto zagueiro; Rivelino, meia de ligação, virou ponta esquerda; Tostão, foi adiantado para o comando de ataque e Jairzinho, deslocado para a ponta direita. O Brasil deu um baile e conquistou definitivamente a Taça Jules Rimet.
Hoje, as peças são outras, novas táticas que roubam espaços... Mas o talento de Ronaldinho não pode ficar fora do mundial. No futebol brutamontes de agora, o meia do Milan é um bailarino que pode desequilibrar. Um passe, um drible, um improviso, uma finalização, uma cobrança de falta ou escanteio podem fazer diferença na África. E Ronaldinho é sinônimo de qualidade em todos estes fundamentos. Se as demais grandes potências como Itália, Argentina, Alemanha e Espanha pudessem contar com ele, com certeza o levariam.
Que Dunga busque na memória o seu confronto com o endiabrado moleque gaúcho... Um drible desconcertante e um lençol no “velho” capitão colorado, antes de seguir em frente pela ponta direita do ataque gremista no primeiro lance e pela esquerda no segundo.
Para mim, Ronaldinho carimbou seu passaporte para a África naquele dia, naqueles lances. Pois Dunga, que conseguiu parar tantos craques do futebol mundial, sucumbiu diante de um adversário que hoje renega.
O tempo passou, é certo... Mas, mesmo jogando a metade do que jogava, Ronaldinho ainda é muito mais craque do que a grande maioria que estará na Copa.
Se a África é lugar de feras, o Brasil deve levar a sua...

Marcos Valnei

Abaixo o vídeo dos lances citados acima:


2 comentários:

  1. Fala Pai, assino embaixo tudo o que disse aí, espero que possamos ver e comemorar com ele mesmo longe, como aquele dia da estréia dele contra a Venezuela. Eu, você e o Ary Nunes Cavalheiro, pulando pela sala boquiabertos com o que ele acabará de fazer em seu primeiro lance pela seleção. Bj. Gabriel!

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  2. E eu nem me lembrava que o Ari tava com a gente naquele dia. Bj.

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